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HISTÓRIA DE FLORINDA SANTOS, A "MULHER DE ROXO"

Vocês lembram dessa figura na Rua Chile?. Só pra relembrar... Os que não conheceram nem ouviram falar, leiam e fiquem conhecendo.

27/05/2023 às 18h35
Por: Carlos Nascimento Fonte: Internet
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HISTÓRIA DE FLORINDA SANTOS, A

Sempre de roxo, com roupas que lembravam o hábito usado pelas freiras, ela costumava perambular e dormir pela Rua Chile e imediações. Teria nascido em 1917 e morrido em 1997, aos 80 anos. Dizem que foi moça instruída, de boa família e que teria enlouquecido por causa de uma grande desilusão amorosa. O final da vida da Mulher de Roxo foi triste, assim como a sua imagem em vida, marcada pelo abandono de todas as coisas.

A história de Florinda Santos, a conhecida Mulher de Roxo, se transformou numa lenda urbana, uma figura mitológica conhecida por todos da localidade. Não importava se o dia era de chuva ou de sol, ela nunca faltava. Era só as portas do comércio da Rua Chile abrirem e dona Florinda já se encaminhava para a entrada da Slopper. Vestido com roupa de veludo violáceo, iniciava o ritual diário. Andava de um lado para o outro, falava sozinha e sempre pedia dinheiro. Tudo com muita educação. Afinal, dizia-se que a Mulher de Roxo, personagem dos tempos diários do centro da cidade, vinha de boa família.

Andava descalça com longas mantas, um torço e um enorme crucifixo. Tudo isso dava a ela um ar meio santo, meio louco, meio andarilho e meio mendigo. Algumas vezes a dama desfilou com uma roupa de noiva, com direito a buquê, véu e grinalda. Com todos esses componentes cênicos, contraditórios e demasiadamente humanos, a mulher de roxo despertou sentimentos em toda a cidade, medo e respeito, pena e carinho.

Qual sua origem? Poucos sabem direito. Uns defendem a tese de que havia perdido a fortuna e enlouquecido; outros apregoavam que teria visto a mãe matar o pai e depois suicidar-se; terceiros garantiam, ainda, que ela perdera a filha de consideração e a casa, na Ladeira da Montanha, numa batalha contra o jogo. Outros ainda contam que ela enlouqueceu porque teria sido abandonada no altar. Em outros depoimentos, aparece como uma bela mulher, a mais cortejada dentre as freqüentadoras do chá no final da tarde na Confeitaria Chile e como ex-professora em Paripe. Florinda, que nunca contou a ninguém, sua verdadeira história, perambulava com suas vestes roxas, inspiradas nas roupas das suas santas de devoção.

Vestida de freira, circulando livremente pela rua mais badalada de Salvador. A estranha indumentária, que incluía ainda um grande crucifixo, a transformou na Mulher de Roxo, a principal lenda urbana da capital. Foi assim que Florinda, a mendiga que jurava ser rica, passou a ser a personagem lendária, surgida, do nada, em frente à loja Sloper, nos anos 60 do século XX, em Salvador. Quando se enfeitava, com maquiagem forte no rosto e nos lábios, ela usava o espelho retrovisor dos automóveis estacionados. Como sanitário, servia-lhe qualquer território mais calmo. A Rua Chile era sua verdadeira casa, seu mundo, seu reinado.

A intimidade com a rua era tão grande que ela sempre andava descalça. Na fachada da loja Sloper, localizava-se o seu trono de sarjeta. Na Rua Chile, chegava sempre muito cedo, circulava pelo centro e só recolhia o seu saco preto ao meio-dia, quando almoçava. Ao final do dia, voltava, andando, ao albergue noturno da prefeitura, situado na Baixa dos Sapateiros.

Muitas reportagens foram publicadas na época sobre a mulher de roxo ou dama de roxo. O jornalista Marecos Navarro gravou uma entrevista exclusiva com ela e é um dos raros documentos em que é possível ouvir a voz de Florinda. Em 1985 o cineasta baiano Robinson Roberto documentou um vídeo em Super 8 em que a mulher de roxo diz morar no albergue há três anos, e revela pertencer à família Rainha Princesa. Foi também personagem retratado na Galeota Gratidão do Povo, painel de 160 metros quadrados pintado por Carlos Bastos, que decora o plenário da Assembleia Legislativa.

Ela era tão cinematográfica que até inspirou um personagem do cineasta Glauber Rocha no filme O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969). A moça de manta roxa do filme era baseada na lenda viva da Rua Chile. Ela também inspirou o documentário A Mulher de Roxo, produzido pelo Polo de Teledramaturgia da Bahia. O vídeo de 12 minutos, dirigido por Fernando Guerreiro e José Américo Moreira da Silva, mistura documentário e ficção. Haydil Linhares é uma das atrizes que vive Florinda Santos, a Mulher de Roxo.

A Mulher de Roxo também usava vestes pretas e, segundo o jornalista Anísio Felix, até vestido de noiva, mas no geral roupas de veludo grosso no inclemente calor da Bahia. Passava o dia nas imediações da Casa Sloper, loja de departamento da Rua Chile. No Carnaval, Florinda deixava o local e ia para outra área da cidade menos movimentada.

Tornou-se um personagem folclórico, querido pelos baianos, uma lenda urbana. Veio falecer em 1997 depois de acolhida pela Irmã Dulce. Florinda inspirou documentários, peças de teatro e até um personagem de Glauber Rocha no seu filme “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, rodado em 1969. E é a Mulher de Roxo, uma das imagens do famoso painel do artista Carlos Bastos que retrata personalidades baianas, exposto na Assembleia Legislativa.

A personagem lendária da Rua Chile hoje é só lembrança. Se em vida foi famosa ou anônima, rainha ou plebéia, foi uma lenda urbana de Salvador. Enclausurada em si mesma, ninguém conheceu sua verdadeira história, de riqueza ou pobreza, de princesa abandonada no altar ou professora. Talvez ela fosse tudo que sempre queria – uma personagem lendária que sobrevive no imaginário popular.

Longa vida para essa dama/santa com sua aura de mistério.

MÊS DAS NOIVAS

História da “MULHER DE ROXO”: abandonada no altar, ela perambulava com seu longo vestido em Salvador.

Sempre com um vestido roxo e um enorme crucifixo pendurado no pescoço, uma figura inusitada despertava curiosidade por onde passava. Ela não é um personagem de um filme de terror, tampouco de outra produção. Estamos falando da "Mulher de Roxo" – figura caricata em Salvador por um motivo: sua possível desilusão amorosa.

"Ela transitava no Centro Histórico, na Rua Chile e seus arredores, entre 1960 e 1990", explica o professor e historiador, Rafael Dantas.

Em maio, A história dela, confusa, começa pelo nome: Florinda Santos ou Doralice? Até hoje, a dúvida permanece. Foi como "Mulher de Roxo", porém, que foi conhecida por muitos anos por olhares incrédulos e dedos sempre apontados.

Sua origem é outro mistério. Ela teria nascido em 1917. Uns defendem a tese de que a mulher teria enlouquecido porque teria sido abandonada no altar; outros, porém, cravam que ela havia perdido a fortuna e transloucado.

As versões não param por aí. Há quem defenda com veemência que a mulher teria visto a mãe matar o pai e depois suicidar-se; terceiros garantiam, ainda, que ela perdera a filha de consideração e a casa, na Ladeira da Montanha, numa batalha contra o jogo. Florinda nunca contou a ninguém sua verdadeira história.

"Ela mesma era quem costurava suas roupas. Acrescentava a suas indumentárias um torço e um enorme crucifixo", ressalta Patrícia Sá Moura. A jornalista e escritora é uma das que se inspirou a produzir material sobre a fantasia criada em torno da vida da "Mulher de Roxo".

A obra "Mulher de roxo: retrato de um mito", lançada em 2016 (5ª edição) e publicada pela Arcadia, ressalta, por exemplo, entre outros hábitos, um bastante comum da então anciã. Fizesse chuva ou sol, bastava as portas do comércio da Rua Chile abrirem e, lá estava, a mulher em frente à uma das mais emblemáticas lojas de departamento da época: a Slopper. Com seu vestido aveludado, andava descalça, falava sozinha e pedia dinheiro.

"Entenda-se: cédula! Moeda, ela não aceitava. Queria somente cédula, pois dizia que seu rosto estava estampado nas cédulas a pedido de uma importante pessoa de sua vida", explica Patrícia, sem dar "spoiler" de 'quem teria sido tal figura'.

Apesar de folclórica, a imagem da dama causava um misto de sentimentos, como medo, compaixão, arrepios e até mesmo pena. A escritora Patrícia Sá, no entanto, revela um situação, até então, pouco conhecida. Florinda teria nascido em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador, e, ao contrário de que muitos acreditam, ela tinha nome, sobrenome… uma identidade oficial.

"À noite, ela dormia em um dos albergues noturno da Prefeitura, situado na Baixa dos Sapateiros. O refúgio era seu único abrigo. Certa vez, houve um temporal e inundou o local. Muitos moradores perderam seus documentos. O médico responsável pelo lugar falou com ela para retirar novos documentos, mas ela não quis. A partir daí, ficou indigente. Ninguém, no entanto, soube, de fato, qual era o nome oficial dela", ressalta.

Infelizmente, ao que tudo indica, a verdade jamais será descoberta. Afinal, a mulher de roxo foi enterrada em 5 de abril de 1997, quando faleceu, ao que especula-se aos 80 anos, sendo sepultada como indigente.

A causa da morte teria sido erisipela – um processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos -. "Ela foi internada no hospital Irmã Dulce em 1991, com erisipela. Passou longos anos por tratamento, mas, acabou falecendo em 1997", esclarece a escritora.

Além da ficção, a memória da "Mulher de Roxo" também foi contada no documentário homônimo, dirigido por Fernando Guerreiro e José Américo Moreira da Silva. Produzido pelo Pólo de Teledramaturgia da Bahia, o vídeo, de 12 minutos, mistura documentário e ficção. Haydil Linhares é uma das atrizes que vive Florinda Santos.

A imagem da "Mulher de Roxo" foi eternizada na Galeota Gratidão do Povo, um painel pintado por Carlos Bastos que decora o plenário da Assembleia Legislativa. Na Ladeira da Praça da Sé, há uma pintura de um grande painel grafitado da “Mulher de Roxo”. O trabalho é de Júlio, Bigod, Prisk, Baga, Teles, Bones e Brão.  

"MULHER DE ROXO": 

Jornalista fala sobre história de Florinda, que andava pelas ruas de Salvador

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A história inspirou até mesmo um personagem do cineasta Glauber Rocha no filme "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", de 1969.

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O folclore sobre a mulher de roxo sobrepujou as barreiras locais e serviram de inspiração para criação de música "Mulher de Roxo", da Banda Cascadura & Pitty
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