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GUARDA UM CRAVO PARA MIM

O presidente português pacientemente aguardou quatro anos. Agora teve Lula para enriquecer o título, associando-se à homenagem.

28/04/2023 às 08h16 Atualizada em 28/04/2023 às 08h24
Por: Carlos Nascimento Fonte: FERNANDO TOLENTINO
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GUARDA UM CRAVO PARA MIM

Eram meados da década de 70 e nós, brasileiros, submetidos a um regime militar desde 1964, comemorávamos a Revolução dos Cravos, em Portugal.

Lá, os portugueses puseram fim, em abril de 1974, a não menos que 41 anos de governo ditatorial.

Em um de seus tantos momentos de genialidade, Chico Buarque compôs Tanto Mar, refletindo esse sentimento de tantos de nós.

De passagem pelo Rio, resolvi aproveitar para vê-lo e ouvi-lo.

Na porta do teatro o público era aguardado por jovens estudantes, que distribuiam folhas de papel.

Chico Buarque surgiu no palco, sentou-se em seu discreto banco e começou a dedilhar o violão.

Não tardou para que todos entendêssemos. Ele conduzia a harmonia e nós, os que não tínhamos a voz embargada por lágrimas incontidas, entoávamos c

Era a manifestação da nossa revolta com a censura imposta à música e contra a própria ditadura. Ao mesmo tempo, um vigoroso canto de esperança, enquanto saudávamos os irmãos portugueses.

Em mais de quatro décadas, Chico Buarque presenteou a língua portuguesa com as letras de uma infinidade de músicas, poesias da mais admirável qualidade. Compôs melodias para acompanhar poesias, como Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Escreveu romances e peças teatrais.

Enfim, mereceu se habilitar ao prêmio maior da literatura de língua portuguesa e foi reconhecido por isso.

O presidente brasileiro que desonrou o seu mandato não perdeu mais essa oportunidade para demonstrar enfaticamente a sua total desqualificação para o cargo. Negou-se a assinar o título. E o presidente português pacientemente aguardou quatro anos. Agora teve Lula para enriquecer o título, associando-se à homenagem.

"Sei que está em festa, pá.

Fico contente.

E enquanto estou ausente

Guarda um cravo para mim.

Eu queria estar na festa, pá

Com a tua gente

E colher pessoalmente

Uma flor no teu jardim."

Não poderia haver data mais adequada para que portugueses e brasileiros erguessem nos braços Chico Buarque e a sua notável obra literária.

Por Fernando Tolentino

Contato: tolentino.vieira@hotmail.com

 

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# Tanto Mar [Estúdio 1975]
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FERNANDO TOLENTINO
Sobre o blog/coluna
Fernando Tolentino de Souza Vieira
Administrador público (UFBA) Jornalista (CEUB) Ex Diretor Geral da Imprensa Nacional nos governos de Lula e Dilma (2003- 2015).
E-mail: tolentino.vieira@gmail.com
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