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BOSSA NOVA: 65 ANOS E CADA VEZ MAIS JOVEM

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça... Movimento musical que nasceu no Rio de Janeiro, a Bossa Nova celebra 65 anos de existência.

27/01/2023 às 00h50
Por: Carlos Nascimento Fonte: telestoques.com/
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BOSSA NOVA: 65 ANOS E CADA VEZ MAIS JOVEM

Hoje é o Dia Nacional da Bossa Nova, (25/01), que completa 65 anos em 2023, e aniversário de Tom Jobim, que chegaria aos 95 anos nesta quarta-feira, 25 de janeiro. Tom merece todos os maiores encômios possíveis, foi um dos mais influentes e importantes compositores da história da música popular brasileira (influência que se estendeu aos EUA, Europa e Japão). E, óbvio, pela quantidade e qualidade da obra. Mas o Dia Nacional da Bossa Nova deveria ser 10 de junho, data de nascimento de João Gilberto.  


Na foto (da revista O Cruzeiro), João Gilberto nas areias de Copacabana com amigas. Entre elas, a dolescente Nara Leão

Antes de João Gilberto voltar ao Rio de Janeiro, depois de uma temporada na casa de parentes em Minas Gerais, reapareceu na cena musical carioca, onde nem era tão conhecido, tocando violão de uma maneira única e original, e com um canto totalmente na contramão do que era praticado no país. Se diz, até os tempos atuais, que ele não tinha voz. Precisa-se escutá-lo antes da bossa nova. No grupo vocal Garotos da Lua, ou em um obscuro disco solo. Não era do canto tonitruante, mas cantava copiando seu ídolo Orlando Silva.

João foi, mais ou menos, um Picasso da voz. Pablo Picasso começou no tradicional figurativo, foi decupando sua pintura até poder descrever o que queria em traços. João foi eliminando o que considerava supérfluo na emissão da voz, até tornar o mais no mínimo.

Antes de João Gilberto, Tom Jobim caminhava para se tornar o imenso compositor que seria. Mas canções como A Felicidade (com Vinicius de Moraes), lançada por Agostinho dos Santos, ou Chega de Saudade (idem com Vinicius), lançada por Elizeth Cardoso, tiveram interpretações que seguiam a linha do canto tradicional popular brasileiro. Em Chega de Saudade, do álbum Canção do Amor Demais (1958) chamou atenção um violão que parecia descompassado acompanhando Elizeth. O violão de João Gilberto, claro.  

Dali a uns meses João lançaria o 78 rotações com a citada Chega de Saudade (com Bim Bom, na outra face). Estava inventada a bossa nova. Bossa não era suavidade, e sim um furacão que desabou sobre a música popular brasileira, e espraiou-se mundo afora. Nunca um estilo musical de um país periférico foi tão influente. O tango argentino fez furor nos anos 20 e 30 nos EUA e Europa, mas foi um modismo, os ritmos cubanos disseminaram-se pelos continente americano, africano, europeu. Sua percussão predominou na música popular, inclusive no Brasil, com tumbadoras, congas, maracas, até que, no inicio dos anos 70, entraram em cena nos Estados Unidos e Europa percussionistas brasileiros, Airto, Naná Vasconcelos, Djalma Correa, Dom Um Romão etc., e deflagraram uma revolução percussiva.

A bossa nova, cuja estreia oficial nos EUA, aconteceu em 1962, no célebre, e desorganizado, concerto no Carnegie Hall, chegou ao chamado primeiro mundo não como matéria prima, mas como produto manufaturado. De início, considerava-se mais uma moda dançante. Logo, os músicos de jazz constataram que era mais que isso, pelas melodias engenhosas, harmonias e arranjos complexos. E aderiram em massa à bossa. Claro, a BN continha elementos de jazz da Costa Oeste, mas reprocessados, abrasileirados.

A adesão foi quase total entre jazzistas, roqueiros, gente da música pop, culminando com o aval de Frank Sinatra, maior cantor popular americano do século 20 (muita gente acha que do planeta, o que é discutível), que dividiu um LP com Tom Jobim. Ou astros do jazz feito Stan Getz, que gravou com João Gilberto, em 1965. Faixa do álbum Getz/Gilberto, Garota de Ipanema, com participação de Astrud Gilberto, concorreu com Yesterday dos Beatles nas paradas de EUA e Europa, o resto continua sendo história. 


Como diria Caetano Veloso: A bossa nova é foda.

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