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Zelito Miranda morre aos 68 anos; cantor passou mal durante a madrugada

Artista morreu por conta de problemas no pulmão. Zelito Miranda, rei do 'forró temperado'; baiano começou no teatro, foi amigo de Belchior e defensor da cultura nordestina.

12/08/2022 às 10h43
Por: Carlos Nascimento Fonte: metro1/G1
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Zelito Miranda morre aos 68 anos; cantor passou mal durante a madrugada

O cantor Zelito Miranda morreu durante a madrugada desta sexta-feira, a informação foi confirmada por sua esposa, Telma Miranda. Segundo ela, Zelito passou mal, durante essa madrugada, por volta das 5h.

 

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi chamado para socorrê-lo, mas Zelito morreu antes de chegar ao hospital. Telma conta que os médicos acreditam que a causa da morte tenha sido embolia pulmonar. Zelito tinha 68 anos e faria aniversário em 30 de agosto. Emocionada, a esposa de Zelito agradeceu os últimos momentos com ele. “Partiu na paz. Ele teve um momento de se despedir de mim, da filha”, afirmou. O cantor era pai de Luiza e Clarice, que está grávida.

 

O velório está marcado para 16h45, no Cemitério Bosque da Paz e será aberto para fãs, familiares e amigos. “Zelito gostava do público, gostava do palco. Não é justo que seja fechado”, disse Telma.

 

Zelito é natural do município baiano de Serrinha. Ficou conhecido como “rei do forró temperado”, por misturar estilos como o rock, jazz ao forró pé de serra. Entre seus sucessos nos mais de 25 anos de carreira, estão Fulorô, Forró na Casa do Zé e Trem do Forró.

 

Com mais de 40 anos de carreira e mais de 200 músicas, Zelito Miranda começou nas artes ainda muto jovem. O forró não foi paixão à primeira vista, mas após o encontro foram 35 anos como cantor e defensor do ritmo mais tradicional do nordeste brasileiro que rendeu a Zelito o título de 'rei do forró temperado'.

 

Nascido em Serrinha, a 175 km de Salvador, Zelito foi voz ativa na defesa da cultura nordestina e se considerava "diferente, irreverente e autêntico". O Cabeludo, como era chamado pelos amigos deu os maiores passos iniciais nas artes em Salvador, no teatro ao lado de uma geração de grandes artistas.

 

"Eu comecei logo cedo, cheguei do interior menino puro e besta querendo fazer arte. Me engajei com a galera que fazia pesquisa, passei pela pintura, depois cai no teatro. Fiz nove anos de teatro profissional. Meu quartel era o teatro Vila Velha, na época com João Augusto, Benvindo Siqueira, Harildo Deda. Eu no meio daquelas feras todos", gostava de contar.

 

Em paralelo ao teatro, Zelito passou a estudar com música com o maestro Lindembergue Cardoso, professor da escola de música da Universidade Federal da Bahia, e um dos maiores instrumentistas da Bahia. Em seguida, Zelito passou pelo rock, e também participou dos Novos Bárbaros, grupo que fez sucesso nos trios elétricos de Salvador na década de 1980. Até ser convocado pelo forró.

 

Após vencer um concurso em Arempebe, na Região Metropolitana de Salvador, com uma música chamada 'Nos olhos da onça', chamou atenção da organização do projeto Pixinguinha Nacional, da Funarte. Inicialmente, Zelito rodaria o país fazendo shows ao lado de Inezita Barroso, mas por conta de problemas de saúde da cantora, ela foi substituída por Belchior. A parceria resultou em uma amizade entre o cearense e o baiano.

 

"'Bel' me chamava de professor. Desenvolvemos uma amizade muito grande. Uma vez imitei ele, ele atrás de mim no placo, acho que não gostou muito não", contou Zelito às gargalhadas, em uma live ao lembrar a amizade com o cantor e compositor cearense.

 

Após gravar o primeiro disco de forró, Zelito passou a chamar sua música de MPN (Música Popular Nordestina). Em seguida, passou a defender nos palcos o legado do maior forrozeiro brasileiro, Luiz Gonzaga.

 

As suas passagens pelo rock, MPB e a experiência no trio elétrico deram a ele o apelido de “Rei do Forró Temperado”. Nos palcos e discos, o forrozeiro misturava novos instrumentos, arranjos e melodias à tradição do forró pé de serra. As parcerias também mostravam a pluralidade de Zelito. Cantou ao lado de nomes como Genival Lacerda, Olodum, Cascadura, Trio Nordestino, Bailinho de Quinta e tantos outros.

 

Zelito também foi pioneiro nos ensaios do gênero nordestino nas casas de show da capital baiana. Com um DVD e 12 Cd’s gravados, ele se tornou anfitrião de projeto que virou tradição em Salvador, o Forró no Parque, e ampliou o tempo de destaque do ritmo em solo soteropolitano. De janeiro a junho, milhares de pessoas lotavam o Parque da Cidade para ver Zelito e diversos convidados.

 

Em 2022, o Forró no Parque completou 12 anos e ocorria uma vez por mês, nas manhãs de domingo, e além do Parque da Cidade, teve o Pelourinho como palco. Defensor do forró e da cultura nordestina, promovia para além dos show discussões e chamava atenção para a participação do forró em eventos, especialmente onde o ritmo passou a perder espaço.

Em um das suas últimas canções gravadas, 'Nasci para cantar', Zelito resume sua vida em uma música que carrega a defesa da cultura nordestina, com referências a João Gilberto, Jackson Pandeiro e o rio São Francisco. Figura ativa na defesa da cultura nordestina, Zelito Miranda sai de cena, mas deixa como legado a história que cantou: "Quando chego e solto a voz em todo lugar tem farra. Eu nasci para cantar e cantarei".

 

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Jorge Braga Barretto Há 2 anos SalvadorZelito Miranda, com sua irreverência e humildade, divulgou como poucos a cultura musical nordestina que sempre defendeu e amou. Deixou os amigos do lado de cá amparados pela amizade e saudade, mas vai continuar segurando a sanfona e rever os que se encontram do lado de lá. Teremos um forró temperado no céu,para alegria geral.
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