É inacreditável o desrespeito da FIFA e suas congêneres com os profissionais da bola, cujas competições deveriam ter sido suspensas há muito tempo em razão da pandemia. A ganância dos cartolas, empresários e jogadores faz parte do planejamento estratégico direcionado à alienação popular, verdadeira anestesia geral, indispensável para desviar a atenção dos terríveis problemas enfrentados pela população.
A paralisação do futebol, embora mais que necessária como medida preventiva uma vez que cresce assustadoramente os casos de contaminação entre jogadores, técnicos e dirigentes - alguns vitimados fatalmente -, é improvável que aconteça. Até agora, apenas o técnico Lisca e o comentarista Casagrande se mostraram favoráveis à interrupção da prática esportiva, justificando as constantes e distantes viagens em aeronaves que expõem os profissionais ao contágio, como tem ocorrido com frequência. Acredito que a suspensão da atividade traria benefício imediato ao mundo do futebol, principalmente ao torcedor, uma vez que, passado o efeito anestésico, dedicaria parte do precioso tempo à saúde e tomada de consciência política quanto ao futuro do Brasil. Até porque, como tudo na vida passa, com a pandemia não será diferente.
Nada melhor do que retornarmos à normalidade com os estádios cheios, de preferência em novo governo, e o país nos trilhos. Falta ao Brasil um verdadeiro estadista que respeite a vida e tome atitudes visando o bem estar coletivo. Se o psicopata que ainda permanece no poder - por medo e covardia do Rodrigo "Mala" - tivesse sofrido o impeachment, teríamos evitado tantos dissabores e constrangimentos que culminaram no brutal genocídio.
Não causa estranheza a recusa da CBF em não paralisar o futebol, já que a FIFA jamais deu bom exemplo nesse sentido. Cadê as associações de classe dos profissionais da bola?. Deixaram de existir com as ausências de Afonsinho e Sócrates?. E o octogenário Pelé, tido como rei do futebol, idealizador da lei que beneficiou empresários, jogadores e detonou os clubes, como entender seu silêncio?.
Jorge Braga Barretto
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(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 14.03.2021.