A decisão da retirada da losartana potássica das prateleiras por determinada empresa farmacêutica, sob a alegação de que poderia causar câncer nos usuários com o uso contínuo, chega a ser risível. Faço uso do medicamento há décadas, o qual, associado a outro, mantém minha pressão arterial nos padrões normais. Demorou para alcançar o ideal, mas finalmente cheguei lá. Na realidade, se o consumidor espoliado nos balcões mercenários de determinadas farmácias, tivessem o cuidado de ler as bulas detalhadamente antes de adquirir o produto, dificilmente levaria remédio para casa.
Nenhum órgão do corpo humano escapa às contraindicações, deixando no usuário a nítida sensação de que o ser humano não passa de eterna cobaia. Tanto é verdade, que algumas citam até risco de óbito. Não é sem motivo que você não consegue ler a bula antes de comprar o produto. O jogo é bruto, além de custar muito caro, em alguns casos, impagáveis.
Segundo afirmam, a possibilidade de adquirir o câncer nestas circunstâncias é raríssima. Tudo não passa de papo furado, para enganar incautos. Até parece que a origem do câncer é conhecida. Trata-se de mais uma iniciativa no lucrativo mundo dos negócios. Excluem a losartana e colocam outro medicamento semelhante no mercado pelo triplo do preço, e estamos conversados. Não duvidem se estiver em curso um levantamento de remédios mais baratos sendo substituídos por outros para satisfazer a sanha dos gananciosos empresários.
Como se vê, o capitalismo selvagem não perdoa. E que a pressão arterial dos usuários preocupados com a situação continue estável, na certeza de que a vida humana não pode estar subordinada aos caprichos dos que se consideram donos do mundo.
Jorge Braga Barretto
Contato: jbbarretto@gmail.com
(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 13.03.2022.