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Década de 80. Das Diretas Já às Eleições Diretas

A campanha das Diretas Já, que hoje todos enaltecem como um grande movimento cívico do Brasil, na verdade não deu certo. Simplesmente, não rolou. Os militares se articulam com os políticos deles e fizeram uma gambiarra.

05/11/2023 às 06h39
Por: Carlos Nascimento Fonte: por Erick Cerqueira
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Década de 80. Das Diretas Já às Eleições Diretas

Os anos 80 marcaram época no Brasil por diversos motivos. O fim da nefasta ditadura militar, que durou 21 anos, deixava os brasileiros numa situação de reaprender a andar com as próprias pernas. E isso era bom, mas assustador. 

Algumas coisas foram sintomáticas, daqueles anos. A desconfiança com a reabertura era óbvia, em 1980, e Raul Seixas cantava isso na música Abre-te, Sésamo. 

"Lá vou eu de novo, um tanto assustado, com Ali-Baba e os quarenta ladrões.
Já não querem nada, com a Pátria Amada, cada dia mais, enchendo meus botões
(…) Fecha a porta, abre a porta, Abre-te Sésamo."

As Diretas Já (era)
A campanha das Diretas Já, que hoje todos enaltecem como um grande movimento cívico do Brasil, na verdade não deu certo. Simplesmente, não rolou. Os militares se articulam com os políticos deles e fizeram uma gambiarra. A reabertura foi gradual, numa eleição onde Tancredo Neves venceu o candidato da Ditadura, o famigerado Paulo Maluf (PDS) numa eleição indireta, tendo como vice José Sarney (MDB, mas recém saído do PDS), que assumiria logo após sua morte.

Ou seja, a Campanha Diretas Já pariu eleições indiretas, que colocaram no poder o Partido dos Militares Golpistas no poder, de novo. E isso era tão explícito que basta ver quem compunha o governo. Antônio Carlos Magalhães (PDS/BA), Aureliano Chaves (PDS/MG) e Olavo Setúbal. Braços da ditadura no novo governo democrático.

Em 1986, vieram as eleições gerais e com elas, a máquina pública foi usada de forma absurda para mudar e manter quase tudo igual. O governo venceu de forma absurda, com 509 dos 559 deputados. O Centro Democrático era formado PMDB, PFL, PTB, PDS e partidos menores, e ficou conhecido como: Centrão (olha ele aí).

Crise econômica e importações
O governo Sarney ficou conhecido pelos anos difíceis na economia. Assume uma inflação, herdada dos militares, no montante de 223% ao ano. Seus planos econômicos falham, um a um, e em 1987 vivíamos o ápice, com inflação de 415,83% ao ano. 

O governo impõe congelamento de preços forçados e começam a faltar produtos nos mercados, porque os produtores preferiam perder estoque, a vender barato. Surge a campanha das Fiscais do Sarney, que ligavam 198 para a SUNAB, reportando quando havia remarcação de preços nos mercados.

Sarney começa a trazer produtos importados, para suprir a escassez dos produtos nacionais. Surge o caso do famoso leite de Chernobyl. Uma carga com 20 mil toneladas de leite, sendo 3 mil apresentando índices de contaminação radioativa, cerca de mil vezes superior às médias encontradas nos leites nacionais.

Aquele momento marcava também o império das marcas prototípicas (marcas que viram sinônimo da sua categoria). Leite em pó era (e ainda é) Leite Ninho. Lâmina de barbear, Gillete. Água sanitária, era Qboa. Amido de milho, Maizena. Isopropileno, virou Isopôr. Achocolotado em pó, Nescau. Esponja de aço, Bombril. Curativo sempre será Band-aid. Goma de mascar é Chiclete desde Jackson do Pandeiro. E assim por diante. 


Chutando a porta
Na cultura, surgia a geração ruptura. Nomes de bandas estranhas, roupas extravagantes e músicas com teor mais picante tocavam nas rádios. Surgia o “piiii” sobre palavrões. Mas a censura, pesada mesmo, havia morrido. Dr Silvana e Companhia, João Penca e seus miquinhos amestrados,  Afrodite se quiser, Blitz, Retrô, Kid Vinil, Grafite, Magazine, Paralamas do Sucesso, Aborto Elétrico, Hanoi-Hanoi, Uns e Outros,  Yahoo, Rádio Taxi, Diário Oficial, Capital Inicial, Absyntho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Cazuza e Barão Vermelho, Ultraje à rigor e a icônica Camisa de Vênus. Era a rebeldia da juventude, reprimida por duas décadas, chutando a porta do novo Brasil.


Constituinte e eleições
Veio a Constituição em 1988, um marco civilizatório esperado há 20 anos. O país começava a se reerguer e se preparar para as primeiras eleições Diretas, em 1989, tendo como favoritos Paulo Maluf (expoente da ditadura), Mário Covas (a Direita paulista), Ulisses Guimarães (o Sr. Diretas) e Leonel Brizola (líder da Esquerda). No final, dois azarões foram pro segundo turno. Fernando Collor (senhor da Globo em Alagoas e alçado como Caçador de Marajás) e um líder sindicalistas que havia sido preso pela ditadura por subversão, Luiz Inácio Lula da Silva. Collor vence e Lula esperaria mais 13 anos para conseguir virar presidente do Brasil pela primeira vez. 

Mas se as Diretas Já, se imortalizou na mente dos brasileiros como uma campanha vitoriosa, mesmo não sendo, o perdedor da eleição nos deixou como legado o maior jingle político da história. E isso independe de quem você votou em 1989, 1994, 1998…

Maior jingle político da história

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ERICK CERQUEIRA
Sobre o blog/coluna
• Publicitário • Designer Gráfico • MBA em Gestão Esportiva • Colunista de portais, sites, jornais e revistas como Observatório da Imprensa, Cidade/Marketing, Revista Sabiá-Portugal, Revista Página de Polícia-BA, Portal FutebolBahiano.com • Cofundador do Política FC. • Torcedor do Esporte Clube Bahia. Contato:escdesigner@gmail.com
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