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Delegado diz que roupas de vítimas de duplo homicídio chamaram atenção de suspeito; policial foi afastado do caso após protesto

A Polícia Civil diz que a mudança foi uma decisão administrativa, “que ocorre sempre que julgado pertinente”. Qualquer inquérito pode passar de um plantonista para o titular. O inquérito do caso passou a ser presidido pelo titular da Delegacia Territorial de Guanambi, Giancarlo Giovane Soares.

16/12/2021 às 11h56 Atualizada em 16/12/2021 às 12h13
Por: Carlos Nascimento Fonte: salvadornoticia.com/
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Delegado diz que roupas de vítimas de duplo homicídio chamaram atenção de suspeito; policial foi afastado do caso após protesto

A 22ª Coordenadoria de Polícia do Interior (22ª Coorpin - Guanambi) decidiu afastar o delegado Rhudson Barcelos das investigações do duplo homicídio ocorrido no último domingo (12), em Guanambi. O afastamento ocorre após falas consideradas machistas ditas pelo delegado em coletiva de imprensa concedida à imprensa local nesta terça-feira (14).

De acordo com a Polícia Civil, a mudança ocorreu por conta de uma decisão administrativa, “que ocorre sempre que julgado pertinente”. Rhudson era o delegado plantonista no dia do crime e a investigação passa a ser comandada pelo titular da Delegacia Territorial de Guanambi, Giancarlo Giovane Soares.

O delegado que deixa o caso esteve à frente da investigação desde o primeiro momento, inclusive participou da operação que prendeu o acusado pelo crime e das oitivas realizadas até agora.

Na entrevista coletiva, Barcelos fez uma atribuição da culpa às mulheres por serem vítimas de tentativa de estupro ou estupro. Entre as justificativas para possível linha de investigação, o delegado Rhudson Barcelos afirmou que era, “entre aspas, plausível, um feminicídio diante de uma briga entre marido e mulher”.

Questionado por qual recado deixaria para as mulheres para evitar que sejam vítimas, ele orientou que elas evitassem sair sozinhas ou em grupos de mulheres para prática de ciclismo nas rodovias, esporte muito comum na localidade. Barcelos falou ainda detalhes da vida conjugal de uma das vítimas e citou que o acusado ficava próximo à academias “para ver as mulheres exuberantes e com roupas provocantes”. Durante toda coletiva, ninguém questionou sobre os comentários do delegado.

Além de muitas críticas nas redes sociais, as falas do delegado foram alvo de um protesto em frente à delegacia na noite desta terça-feira. Um novo protesto, com presença de amigos e familiares das vítimas, foi realizado no início da noite desta quarta-feira (15). Eles pedem o aprofundamento das investigações.

No próximo sábado (18) será realizada uma passeata por ruas da cidade com as presenças de familiares e amigos das vítimas. O ato sai às 8h do Marco Zero, em frente ao Memorial Casa de Dona Dedé.

As falas do delegado também revoltaram integrantes da Polícia Militar, especialmente o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (17º BPM), Ten. Cel. Arthur Mascarenhas, uma vez que Barcelos minimizou a participação da PM no caso e exaltou o trabalho da Polícia Civil como único responsável pela elucidação do crime.

Não queremos aqui, angariar louros para a Polícia Militar. A gente tem um respeito imenso, pelas vítimas, pela família delas… É necessário ressaltar o trabalho em conjunto da Polícia Civil. Eu jamais iria desmerecer a Polícia Civil, eu tenho grandes amigos lá, tem grandes policiais que trabalham com seriedade, sem menosprezar, sem querer ser estrela, e que merecem todo nosso respeito, a partir do coordenador, Dr. Clécio e dos investigadores”, comentou.

Mascarenhas afirmou que a sociedade é extremamente machista e falas como as do delegado são como se fosse uma chancela para abusadores. “As mulheres têm que se revoltar, as mulheres não podem se calar, de tamanha crueldade que elas foram vítimas”, comentou.

OAB repudia delegado

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção Guanambi, também emitiu uma nota nesta quarta-feira (15). “A Diretoria da Subseção da OAB-BA de Guanambi, repudia, com veemência, os silogismos dantes postos, incompatíveis com o comportamento que se exige de agente público”, diz um trecho da nota.

Veja nota da OAB na íntegra

A Diretoria Executiva da Ordem dos Advogados do Brasil Subseção de Guanambi-Ba, que alberga volição sobre a categoria aderida na sua circunscrição territorial, cientificada da entrevista, no termo de tempo de 14/12/2021, da Autoridade Policial condutora, a época, do Inquérito Policial para se apurar a autoria do crime que impactou todo a microrregião de Guanambi, quando pesamos que já se viu de tudo, mas uma jabuticaba brota.

Prima facie, na faceta da soberba e no tom jocoso, em passagens das locuções, que não se amoldam na rigorosa impessoalidade, serenidade, discrição, que se exige dos agentes públicos, sobretudo, diante do impacto concentrado em toda comunidade pela brutalidade do crime.

Acalentar, relembrando, não cabe a agente público, que alberga meramente a imposição nas cinéticas de suas funções investigar, colhendo provas, fatos e circunstancias, opinando na materialização de quem acredita ser o sujeito de ter cometido o delito, indicando a adequação do factum a previsão abstrata legiferante do tipo penal, exercer juízo de futurologia acerca de eventual tese de defesa, que seria “furada”, pois o “titio sabe presidir um inquérito”.

A defesa técnica advém de juízo de racionalidade do advogado na preservação das faculdades de seu constituinte, menoscabo a esta, sobretudo por agente publico, no exercício de suas atribuições, rompe com o conjunto de atividades do cargos, no mínimo fraturando a urbanidade, centrada na cooperação, respeito, entre os diversos atores jurídicos que aderem o complexo da práxis da ordem jurídica Pátria. Em nível mediato, desrespeita toda a coletividade, pois a salvaguarda desta, do arbítrio estatal é a Advocacia.

Ainda, incursionar sobre vestes do gênero feminino, insinuando que o eventual libido, que teria motivado o delito, deriva do antecedente, é remanescer com a superestrutura do patriarcado, em que a mulher era tida como objeto, e, não sujeito, mas, “o que veste um estupro é a ignorância herdada de séculos” (Inde Stefania Girardi Rossato) .

Assim, a Diretoria da Subseção da OAB-BA de Guanambi, repudia, com veemência, os silogismos dantes postos, incompatíveis com o comportamento que se exige de agente publico.

GBI-BA, 15/12/2021

EDVARD DE CASTRO COSTA JUNIOR

PRESIDENTE DA SUBSEÇÃO DA OAB-BA EM GUANAMBI

Acusado de matar mãe e filha em Guanambi dá detalhes sobre o crime

O homem acusado de assassinar mãe e filha, encontradas mortas na tarde do último domingo (12), em uma área de riacho, no município de Guanambi, sudoeste da Bahia, apareceu em um vídeo contando detalhes sobre o crime. As imagens obtidas com exclusividade ao BNews foram registradas durante um depoimento do suspeito à polícia.

Marco Aurélio da Silva, de 36 anos, foi preso na segunda-feira (13/12), após ser encontrado dentro de uma casa abandonada na cidade. De acordo com a polícia, o acusado confessou o crime, mas não explicou os motivos de ter matado mãe e filha. As vítimas foram encontradas sem algumas peças de roupas, o que levantou a suspeita, no primeiro momento, de que elas teriam sido abusadas sexualmente. Essa hipótese, no entanto, foi descartada após os corpos passarem por necropsia. No vídeo, o homem conta que, antes de realizar o crime, seguiu as vítimas e chegou a pensar em desistir da ação. Minutos depois, o acusado diz ter mudado de ideia e dado início ao taque.

Elas desceram e eu peguei e fui embora, falei: ‘Nossa, não vou fazer isso não’. Chegou lá na frente, eu voltei de novo, aí eu peguei e fui atrás”, relata, na delegacia. Marco Aurélio afirmou que utilizou da própria força para conseguir conter as vítimas. “Eu peguei elas duas e joguei lá para baixo”, disse. “Não chamei não, eu puxei pelo braço”, continuou.

No relato, o homem declara, também que percebeu o desespero das vítimas e que pretendia, ainda, estuprar mãe e filha. “Eu fui e mandei elas tirarem as roupas dela porque eu queria estuprar as duas”, narra. Assustadas e na tentativa de preservar suas vidas, as vítimas teriam demonstrado apoio ao suspeito, que não as poupou da crueldade.

Eu pedi ajuda pra elas e elas falaram que me ajudavam, só que eu fiquei com medo delas me denunciarem”, sustenta Marco Aurélio, que garante que tinha intenção de estuprar, mas não de matar mãe e filha. No depoimento, o homem expõe que utilizou um tijolo para tirar a vida das vítimas. Após concluir a ação, ele diz ter descartado o material em uma lagoa no local. O acusado, entretanto, diz não se recordar se matou primeiro mãe, ou filha, mas confessa ter assassinado as duas. “Eu não me lembro se foi uma ou se foi outra. Sei que foram as duas”, finaliza.

Redação

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